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quarta-feira, 13 de abril de 2011

PASSADO DO PASSADO

Pode-se parecer redundante, ou até confuso, porém, o presente é o passado do passado!

Sou um daqueles saudosos, apaixonados pelo antigo em sua plenitude. Ouço Vicente Celestino, Orlando Silva, Howlin' Wolf, Muddy Waters (eclético, sim!); adoro moedas e notas antigas; fotos; carros; roupas; rádios etc.

Com os livros não poderia ser diferente! Possuo alguns exemplares raros e bem "velhinhos". E hoje, bem cedo, estava lendo Nelson Hungria, Comentários ao Código Penal, Vol. VII (arts. 155 a 196) datado de 1955.

Neste fabuloso livro, ele tece comentários acerca do crime de estelionato, que, pelo que parece, eclodiu em meados daquele ano. Desta feita, ele faz comparações interessantes com o passado de 1955 sem saber que, aquele passado, seria o nosso presente.

O estelionato é o crime patrimonial mediante fraude: ao invés da clandestinidade, da violência física ou da ameaça intimidativa, o agente emprega o engano ou se serve dêste para que a vítima, inadvertidamente, se deixe espoliar. É uma forma evoluída de captação do alheio. Nos tempos modernos, a fraude constitui o cunho predominante dos crimes contra o patrimônio. O ladrão violento, tão comum em outras épocas, é, atualmente, um retardatário ou um fenômeno esporádico. O cangaceiro do sertão brasileiro, o brigante do sul da Itália ou o outlaw do oeste norte-americano são anacronismos, resíduos de barbaria. O gangster, por sua vez, é um produto singular e transitório da desconcertante, vertiginosa intensidade do struggle for life no país dos ianques, e já está cedendo às medias drásticas contra êle empregadas more bellico. O expoente da improbidade operosa é o architectus fallaciarum, o scroc, o burlão, o cavalheiro da indústria. Não mais o assalto brutal e cruento, mas a blandícia vulpiana, o enrêdo sutil, a aracnídea urdidura, a trapaça, a mistificação, o embuste. O latrocínio, a grassatio e a rapina foram sub-rogados pelo enliço, pela artimanha, pelo estelionato. a mão armada evoluiu para o conto do vigário. O trabuco e o punhal, que sublinhavam o sinistro dilema "a bolsa ou a vida", foram substituídos por um jôgo de inteligência. O leão rompente fêz-se rapôsa matreira.

Hoje, vivemos, mais crimes sangrentos, como os que Hungria, em 1955, dizia ser do passado! Atualmente, o uso, somente da inteligencia para o cometimento do crime é conhecido, tampouco, pelo personagem Leo, ou seria Armando; ou Fred?!

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